No setor de veículos, ele é o rei do mercado. Em quatro Pátios de Logística na Estrada dos Bandeirantes, mantém 6,4 mil veículos, entre motos, caminhões e automóveis. A cada sexta-feira, leiloa 400. O segredo do sucesso? A rotina espartana (ele acorda às 4h) e uma dedicação quase obsessiva ao negócio. “Honestidade e ética são imprescindíveis nesse negócio. Tem muito aventureiro por aí, mas só trabalhamos com empresas de primeira linha e investimos muito na correção dos nossos processos”, diz ele nesta entrevista.
Quem é o cliente dos leilões?
Nos leilões de carros, recebemos famílias, revendedores e compradores de vários estados. Para isso, montamos uma estrutura com lanchonete, banheiros, auditório para 600 pessoas e até chuveiros para aqueles que, muitas vezes, passam o dia examinando veículos.
Que cuidados é preciso ter para evitar armadilhas?
É importante checar as credenciais do leiloeiro e a situação dos bens à venda. Na compra de imóveis, por exemplo, o cliente recebe a documentação regularizada, mas deve se certificar antes se há moradores e se programar para o trâmite de posse. Os automóveis já saem com a documentação regularizada e o comprador só precisa fazer transferência.
Que tipo de veículo se pode comprar em um leilão?
Há os salvados (automóveis recuperados por seguradoras após o pagamento do seguro), os bens de empresas que estão renovando suas frotas, e aqueles tomados pelas financeiras dos inadimplentes. Quando recebemos um carro muito danificado, depenado, por exemplo, damos baixa da documentação no Detran, cortamos o chassi e regularizamos como sucata, que, em geral, interessa a donos de ferros-velhos ou de oficinas.
Para o cliente, qual é a vantagem de comprar um carro em leilão?
Se negociar com um leiloeiro reconhecido, terá garantia da procedência e vantagem financeira. Os preços, em média, são 30% inferiores aos de mercado ou correspondem a 66% do valor da tabela Fipe. E o processo é simples: quem dá mais, apresenta documento de identidade e paga em cheque ou depósito bancário. Quando o dinheiro entra na conta da empresa, ele recebe o bem que adquiriu.
Os leilões online funcionam como os presenciais?
Fui o primeiro a fazer um leilão a distância, em 1991, a partir da sede da Embratel para quatro capitais. Eram duas fazendas do Bamerindus, no Mato Grosso do Sul. Estar na internet é fundamental para o sucesso do negócio hoje, pois compradores de qualquer parte do mundo podem participar. A tecnologia tem ajudado a tornar a atividade mais conhecida do público.
O que mudou no mercado nas últimas três décadas?
Meu primeiro leilão foi em outubro de 1986. De lá pra cá, além da tecnologia, as mudanças estão relacionadas à logística. É preciso receber os ativos, guardá-los em segurança, catalogá-los, fazer o processo de venda e entregá-los ao comprador. Os sistemas de prevenção de acidentes têm que ser perfeitos. Temos brigada de incêndio e seguro de responsabilidade civil para terceiros. Os bens chegam aqui protegidos.
Qual foi o objeto mais inusitado que o senhor já leiloou?
Já leiloei um submarino e aeronaves da FAB. No dia a dia, porém, o que vendemos rapidamente são veículos e máquinas.